Dia 365.2024 – Ostentação?

(Dezembro vai, janeiro vem, o tempo passa, veloz como um trem/Gravataí 28 graus e nublado) “Quem estamos? Onde somos?” Essas perguntas trocadas, (correto é “Quem somos, onde estamos e pra onde vamos?”) não são totalmente sem sentido. Nas redes sociais perguntar quem estamos é até lógico já que as pessoas assumem personagens. Quem você está hoje e onde somos nós mesmos?

Filósofos e religiosos tentam responder essas questões há milhares de anos, porém creio que a ciência seja mais apropriada para tentar, através da psicologia. As linhas de discussões acabam se cruzando uma hora ou outra.

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Ontem no Instagram (link aqui) publiquei uma foto com os meus automóveis velhos. Minha coleção, que por definição é um conjunto ordenado de objetos. Dizem que todo acumulador, digo colecionador, vê ordem e conjunção nos seus excessos. Vaidades de lado, essa ostentação na maioria das vezes não se justifica.

Pergunto eu, talvez a primeira pergunta não retórica até o momento, quem seria Fabiano sem as suas coisas? Suas coleções, seus excessos, seus acúmulos?

De onde veio?

Na Retrospecstiga 2023 analisei fotos e dividi por categorias. Carros e Cães representaram 57% das imagens. Quer ler o post anterior o link está aqui. Mais de 10 mil imagens cuidadosamente visualizadas. Música por exemplo não teve nenhuma referência e entendo o motivo, que é o mesmo que me faz não estar em 92% das fotos para representar 2023.

É bem óbvio, tenham em mente que nós somos essencialmente o treinamento que recebemos. E posso provar isso nessa foto abaixo.

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A doguinha é a Pita (não tenho certeza do nome), era do meu Bisavô. A cama provavelmente é obra dele. Tinha aptidão para carpintaria. Eu com 2 anos de idade, segundo a legenda que está no álbum, com a letra da minha mãe. Não me julguem pela combinação de cores, amarelo e vermelho do Mcdonalds, lutando contra os tênis azuis, final dos anos 70. Mas vejam o que eu tenho na minha mão direita.

Sim, um carro, um Fusca.

Meninos brincam com carros e meninas com bonecas. Homens mais masculinos e mulheres mais femininas. Consertando coisas porque carros quebram. Cuidando de tudo porque casa e filhos exigem. Mas a partir da década de 60 a indústria misturou tudo. Meninos começaram a ter bonecos e meninas carros. Os bonecos eram sempre de guerra, destrutivos, e os carros sempre rosa. A indústria e suas entrelinhas. Mulheres querem carros e podem ter, desde que sejam rosa. Homens brinquem de bonecas, sobretudo mortíferas.

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Minha experiência com esse treinamento. Theoclécio, meu filho, foi bombardeado com carrinhos, muito mais que eu. chegou a ter mais de 200 Hotwheels. Muitos deles pagamentos por comportamentos positivos que seria interessante recompensar. Um HotWheels quase 20 anos atrás custava na promoção R$1,99. Mas também tinha armas do tipo Nerf, e muitas bolas. Futebol, Basquete, Volei, tênis, ping pong, pokemon. E música claro, desde sempre escutando o que de melhor e pior já foi feito, até violão possui. Na foto mais acima meu pai, o Théo e eu jogando.

Ele foi pro lado do esporte, bem óbvio. Hoje com 17 anos vai começar a cursar a Faculdade de Educação Física. O que não quer dizer nada, visto que eu seria um péssimo mecânico, bem como fui um adestrador medíocre, não sou veterinário, nem músico.

E quem sou eu pra falar qualquer coisa? Resposta depois da foto.

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Bom, Eu sou esse aí, abduzido. Agora vestindo um abrigo tipo três listras da Adidas e com fone de ouvido. Isso aí é muito Fabiano Estigarribia. Tirando a camisa vermelha. Gosto da cor, mas não para roupas, ainda que na foto em que estou com o Théo e meu pai jogando futebol também esteja de vermelho. Estranhamente contraditório.

De fones, conectado no 3 em 1 da Gradiente, puro suco dos anos 80, provavelmente escutando aquela música do Roberto Carlos, “O Calhambeque”. Na canção Ele deixa o Cadillac na oficina e pega um carro velho emprestado pra andar enquanto aguarda o conserto do primeiro. Só que na hora de destrocar ele vê que o carro velho é mais legal que o novo! E num final feliz e esperado, fica com o Calhambeque.

“Bí Bì!!!”

Chegamos então ao Fabiano de 2024. Uns 20 cachorros depois de 1979, um arvoredo de violões nas paredes, contando hoje com um elenco de 7 cães de diversas raças e tamanhos e quase uma dezena de carros, espalhados por garagens e oficinas mecânicas.

Não me julguem pelo que apresento, fui treinado e estou respondendo melhor do que o esperado. Atuando em todas as frentes para qual fui apresentado com uma grande desenvoltura, performando com maestria, resiliência e mais, sem ir contra o ensinamento do Rei, Roberto Carlos. Diz ele: “Existem mil garotas querendo passear comigo, mas é só por causa desse Calhambeque”.

Nunca foi ostentação, sempre foi Mind set.