(Dezembro vai, janeiro vem, o tempo passa, veloz como um trem/Gravataí 28 graus e nublado) “Quem estamos? Onde somos?” Essas perguntas trocadas, (correto é “Quem somos, onde estamos e pra onde vamos?”) não são totalmente sem sentido. Nas redes sociais perguntar quem estamos é até lógico já que as pessoas assumem personagens. Quem você está hoje e onde somos nós mesmos?
Filósofos e religiosos tentam responder essas questões há milhares de anos, porém creio que a ciência seja mais apropriada para tentar, através da psicologia. As linhas de discussões acabam se cruzando uma hora ou outra.
Ontem no Instagram (link aqui) publiquei uma foto com os meus automóveis velhos. Minha coleção, que por definição é um conjunto ordenado de objetos. Dizem que todo acumulador, digo colecionador, vê ordem e conjunção nos seus excessos. Vaidades de lado, essa ostentação na maioria das vezes não se justifica.
Pergunto eu, talvez a primeira pergunta não retórica até o momento, quem seria Fabiano sem as suas coisas? Suas coleções, seus excessos, seus acúmulos?
De onde veio?
Na Retrospecstiga 2023 analisei fotos e dividi por categorias. Carros e Cães representaram 57% das imagens. Quer ler o post anterior o link está aqui. Mais de 10 mil imagens cuidadosamente visualizadas. Música por exemplo não teve nenhuma referência e entendo o motivo, que é o mesmo que me faz não estar em 92% das fotos para representar 2023.
É bem óbvio, tenham em mente que nós somos essencialmente o treinamento que recebemos. E posso provar isso nessa foto abaixo.
A doguinha é a Pita (não tenho certeza do nome), era do meu Bisavô. A cama provavelmente é obra dele. Tinha aptidão para carpintaria. Eu com 2 anos de idade, segundo a legenda que está no álbum, com a letra da minha mãe. Não me julguem pela combinação de cores, amarelo e vermelho do Mcdonalds, lutando contra os tênis azuis, final dos anos 70. Mas vejam o que eu tenho na minha mão direita.
Sim, um carro, um Fusca.
Meninos brincam com carros e meninas com bonecas. Homens mais masculinos e mulheres mais femininas. Consertando coisas porque carros quebram. Cuidando de tudo porque casa e filhos exigem. Mas a partir da década de 60 a indústria misturou tudo. Meninos começaram a ter bonecos e meninas carros. Os bonecos eram sempre de guerra, destrutivos, e os carros sempre rosa. A indústria e suas entrelinhas. Mulheres querem carros e podem ter, desde que sejam rosa. Homens brinquem de bonecas, sobretudo mortíferas.
Minha experiência com esse treinamento. Theoclécio, meu filho, foi bombardeado com carrinhos, muito mais que eu. chegou a ter mais de 200 Hotwheels. Muitos deles pagamentos por comportamentos positivos que seria interessante recompensar. Um HotWheels quase 20 anos atrás custava na promoção R$1,99. Mas também tinha armas do tipo Nerf, e muitas bolas. Futebol, Basquete, Volei, tênis, ping pong, pokemon. E música claro, desde sempre escutando o que de melhor e pior já foi feito, até violão possui. Na foto mais acima meu pai, o Théo e eu jogando.
Ele foi pro lado do esporte, bem óbvio. Hoje com 17 anos vai começar a cursar a Faculdade de Educação Física. O que não quer dizer nada, visto que eu seria um péssimo mecânico, bem como fui um adestrador medíocre, não sou veterinário, nem músico.
E quem sou eu pra falar qualquer coisa? Resposta depois da foto.
Bom, Eu sou esse aí, abduzido. Agora vestindo um abrigo tipo três listras da Adidas e com fone de ouvido. Isso aí é muito Fabiano Estigarribia. Tirando a camisa vermelha. Gosto da cor, mas não para roupas, ainda que na foto em que estou com o Théo e meu pai jogando futebol também esteja de vermelho. Estranhamente contraditório.
De fones, conectado no 3 em 1 da Gradiente, puro suco dos anos 80, provavelmente escutando aquela música do Roberto Carlos, “O Calhambeque”. Na canção Ele deixa o Cadillac na oficina e pega um carro velho emprestado pra andar enquanto aguarda o conserto do primeiro. Só que na hora de destrocar ele vê que o carro velho é mais legal que o novo! E num final feliz e esperado, fica com o Calhambeque.
“Bí Bì!!!”
Chegamos então ao Fabiano de 2024. Uns 20 cachorros depois de 1979, um arvoredo de violões nas paredes, contando hoje com um elenco de 7 cães de diversas raças e tamanhos e quase uma dezena de carros, espalhados por garagens e oficinas mecânicas.
Não me julguem pelo que apresento, fui treinado e estou respondendo melhor do que o esperado. Atuando em todas as frentes para qual fui apresentado com uma grande desenvoltura, performando com maestria, resiliência e mais, sem ir contra o ensinamento do Rei, Roberto Carlos. Diz ele: “Existem mil garotas querendo passear comigo, mas é só por causa desse Calhambeque”.
Nunca foi ostentação, sempre foi Mind set.