(It’s just a matter of time/ Gravataí 25 graus) A primeira vez que vi a Cacau foi em 2004, na Expointer daquele ano, setembro. Todo ano tem Agility por lá, embora muitas vezes seja muito mal representado. Enfim, naquele ano o Aurélio estava lá. Shetlands nunca foram algo sobrenatural pra mim, ainda hoje em dia quando alguém vê o Nimoy fica espantado. Eu não.

No Agility já havia visto o Turbo, dog do Hélio, em uma prova oficial que ocorreu em Porto Alegre em 2003. Mas a Cacau foi o primeiro com quem tive real contato.

É possível que aquele de 2004 tenha sido o primeiro evento dela. Logo posso dizer que acompanhei toda a trajetória dela dentro do agility e até fiz parte disso, já que conduzi ela em 8 pistas e passei pro grau 2 inclusive.

O avanço dela no agility foi algo incrível. O quanto ela melhorou e o quanto Aurélio melhorou junto com isso, ao ponto de chegarem ao topo do Agility Nacional e figurarem com frequência nos top10 dos rankings unificados do grau 3. Porém a maior conquista foi o terceiro lugar com o time midi no Mundial da Noruega em 2007. Sem dúvidas.

Houve uma desconexão entre o ápice físico da Cacau com o conhecimento que Aurélio carregou com ele durante os anos. Quer dizer que quando ela era muito boa ele não sabia exatamente o que era o limite dos dois. O quão boa ela teria sido partindo de hoje? O quanto Aurélio se esforçou para levar essa dog até onde levou?

Difícil dizer, no entanto me parece meio certo que a dupla algumas vezes não foi levada muito a sério, digamos. Algo que acontece direto no esporte. No agility, naquelas anos, os minis e midis eram coisa nenhuma, importava mesmo era o Standard. Teve um ano inclusive que apenas os grandes foram pro Mundial. Hoje os pequenos e médios não estão tão de lado assim.

Porque o tempo mostrou que fomos mais competitivos por lá com eles e não com os standards. Os números de medalhas provam isso, mas é outra história.

Infelizmente a vida não é justa no agility. E pros nossos cães o tempo é cruel. E isso dói demais. Cacau foi minha primeira relação com Shetland, e eu quis ter um por causa dela. Se temos Nimoy aqui em casa foi única e exclusivamente por culpa de Cacau.

Vai em paz amiga e Aurélio força aí. Tenho certeza que a dor deve estar sendo impossível de suportar e não vai passar. Porém, como sempre, seria ridículo não ter vivido toda essa história que vocês viveram.