(See the stone set in your eyes, See the thorn twist in your side/Gravataí 21 graus e quase frio)
Mil novecentos e oitenta e sete. Ano de lançamento do quinto disco de estúdio da banda irlandesa U2, e foi com certeza o mais aclamado até então. A banda vinha crescendo e amadurecendo sua música. Aqueles caras do “Sunday bloody Sunday” e “Pride (in the name of love)” não estavam mais travando guerras contra o mal do mundo, agora era contra os males existenciais.
As três primeiras músicas desse álbum jamais sairão de um Top 10 da banda. “Where The Streets have no Name”, “I Still haven’t found what i’m looking for” e “With or Without yout”. Eu tinha 9 pra 10 anos de idade quando esse álbum foi lançado, não escutei na época isso. Foi depois. No entanto lembro desde sempre dessas três. Não tenho recordação de uma primeira vez que escutei. “Ah, eu estava sentado em casa e começou a tocar no rádio” ou “um amigo me falou, escuta essa aqui”. Não, sempre estiveram lá. Cresci escutando no rádio, em festas, poraí.
Mais pra frente, quando o U2 se fez mais presente nos meus dias, por coisas novas lançadas quando eu já estava em condições de entender o que eu gostaria de escutar, fiz a audição do disco completo. Todos os discos por sinal. E esse não é o álbum que eu mais gosto.
A fita do vídeo clipe de “Where the Streets have no name” deve ter gasto de tanto passar na MTV. Era estilo Beatles, tocando no telhado de um prédio, só que ao invés de ser em Londres foi em Los Angeles. O clipe tem um ar de documentário, mostra narradores, como se fossem da TV ou rádio falando sobre a situação, sobre o fato do show estar com os ingressos esgotados, negociações com a polícia, vai não vai, Bono apreensivo, The Edge nervoso. Como se o Datena estivesse transmitindo, com IBAGENS do comandante Habilton.
Dá a impressão que naquele momento o U2 era mais do que os Beatles foram quando subiram no telhado da gravadora Apple para fazer a apresentação deles, que ficou muito famosa. Na imagem acima, um frame tirado do vídeo. Destaque pro viajante no tempo com a camisa da Volkswagen.
Comparações que não fazem sentido, Beatles X U2.
E foi essa atenção dada ao mercado americano que alavancou as vendas. Tem um documentário sobre a gravação disco seguinte, que pra contextualizar, mostra a transformação que ocorre com o Bono durante a gravação desse disco e a turnê do mesmo. Ele muda bastante.
Em 9 meses mais de 14 milhões de cópias. No total 25. Depois dessa trinca bombástica do lado A, o disco dá uma amornada. Não quer dizer que fique ruim. De forma alguma, mas a pegada não é a mesma. Musicalmente esse disco simplesmente marcou o que seriam os próximo 20 anos da guitarra por exemplo. The Edge solidificou a posição de Guitar Hero sem que ter aquele apelo de malabarista que outros caras do instrumento tiveram ou teriam. O ritmo e os efeitos. A amplitude da guitarra, muitas vezes criticada pelos puristas, preenchia muito bem o fato de que havia um trio tocando.
Bateria e baixo se completam e novamente nenhum dos dois é considerado gênio da espécie. Muitas vezes é isso que faz a banda. O fato de que não existe ninguém sobrando demais. Assim como os Beatles seguem com a mesma formação desde o início. Pra finalizar o chato do Bono. Os vocais rasgados cheios de resmungos, algumas vezes parecem que são o final da voz, que dali pra frente só com as pastilhas que Lennon usou pra gravar Twist and Shout. É um absurdo, se não é o melhor de todos, com certeza é um dos que mais se entrega ao ato de cantar, vestir a camisa e assumir a responsa.
Fica até chato falar de um disco e banda que gosto, mas os números não me deixam mentir. Joshua Tree é um baita trabalho, que os mais fanáticos cultuam, ao ponto de tornar a árvore que aparece na capa um ponto turístico/religioso.
Lado A
1.”Where the Streets Have No Name”
2.”I Still Haven’t Found What I’m Looking For”
3.”With or Without You”
4.”Bullet the Blue Sky”
5.”Running to Stand Still”
Lado B
1.”Red Hill Mining Town”
2.”In God’s Country”
3.”Trip Through Your Wires”
4.”One Tree Hill”
5.”Exit”
6.”Mothers of the Disappeared”