Dia 363.2024 – sem comemoração?

(ontem faltou água, anteontem faltou luz/Gravataí 25 graus entre nuvens) Uma postagem por dia. Olha onde eu fui me meter, porque ontem na hora que eu iria começar a escrever faltou luz. E eu escrevo aos pedaços. Venho aqui coloco um pouco de texto, penso, levanto, faço outra coisa. Sento novamente pra escrever releio, apago, corrijo, insiro uma palavra, ponho uma vírgula, levanto e esse é o processo.

Glamour Zero.

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Era possível escrever sem luz? Sim, só abrir o Notebook, estava com bateria e apertar as teclas. Conexão havia do celular e luz tinha na Kombi. Essa é a vantagem de ter uma CamperVan com sistema de luz independente da rede.

Quando morávamos em Porto Alegre, num prédio, e faltava luz era bem diferente de hoje. Quando voltava todo mundo gritava. Era um monte de prédios em volta e o retorno é algo muito inesperado. Mais que um Gol. No futebol você antevê o mesmo. Quando sai você comemora. Porém pela posição dos jogadores, qual está com a bola, dá pra saber. A luz não tem hora, pode ser agora, ou daqui 180 minutos.

Ontem quando voltou só eu gritei.

Deram risada. Fiquei triste, “poxa, só eu que vivi o antigamente? Só em prédios isso acontecia?”. Comemorar a volta da luz é validar o esforço dos técnicos que em algum lugar suaram a camisa pra fazer a dita cuja voltar. Negar tal ação é estar em um estádio de futebol, ver seu time fazer o gol e ficar parado feito uma múmia. E ao contrário do futebol, onde seu vizinho pode torcer para outro time, com a  luz é tudo torcida pró!

Onde fomos parar, essa sociedade que não celebra.

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Entre Luz e Água

Vou deixar uma pergunta: o que é pior pra faltar, água ou luz?  Pensa um pouco, enquanto desenrolo aqui.

Dia desses estava caminhando pela rua, Eu e o Théo, caminhada básica, dose de endorfina. Atravessávamos a rua e vi um cara na calçada uns 30 metros pra frente, vindo em nossa direção com um cabo de vassoura na mão. Abruptamente ele pendeu pra direita, para o lado de um bar bem na esquina, desses cheios de grade, que ficam abertos 24 horas por dia e possuem seus bêbados cativos. Deve ser um desses. Depois que dobrou ele bateu com o cabo de vassoura no chão umas duas vezes de um lado pro outro, direita esquerda.

Eu pronto pra fazer uma piada com aquilo dizendo pro Teléco “olha parece um cego com o cabo de vassoura na mão”. E o cara era cego. Poutz. Por um segundo eu fiquei envergonhado. A gente sempre tem que pensar no que vai falar, ou escrever. Mas era o Théo, ele me conhece, sabe que não sou muito má pessoa.

Bom, sem luz, basicamente, ficamos cegos da tecnologia, sem luz realmente ninguém fica. Tem a lanterna do celular que quebra um galho gigante. Eu mesmo tenho cinco lanternas nas minhas gavetas. Estavam TODAS descarregadas. Só que não dá pra se pendurar na internet como normalmente se faz, sob pena de zerar a bateria do espertofone. A luz de velas (Glamour Zero 2), outros sentidos acabam se tornando mais importantes. Você volta a usar a fala e acaba sem perceber se comunicando com as pessoas que moram contigo.

Fetúcia tomou susto quando a luz voltou, ou com meu grito. Não sei.

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