Dia 364.2024 – bóra bostejar?

(Esse ano, quero paz no meu coração, quem quiser ter um amigo, que me dê a mão/Gravataí 24 graus e vento) Hoje eu escutei uma muito boa. O cara tinha 100 metas para 2024. A primeira era ganhar na Megasena. Não conseguiu e automaticamente as 99 seguintes foram pro espaço.

Abaixo uma paisagem da Praia de Itanhaém no estado de Sâo Paulo.

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É meio assim: viajar, trocar de casa, de carro, estudar, emagrecer, comer melhor, casar. Tudo, tudo, tudo, tudo, exige dinheiro. Escrevi tudo quatro vezes pra reforçar realmente que tudo, pra tudo, por tudo, em tudo precisa de dinheiro, grana, bufunfa, o faz me rir, a mascada, a papeleta. Escrevi várias vezes sinônimos de “papel moeda” para realçar que precisa muito mesmo.

Esse ano comecei falando nessa postagem 366.2024 aqui sobre minha meta para 2024. Escrever um texto por dia. Comentei que nem nos tempos em que publicava em três ou quatro sites diferentes jamais tinha feito essa façanha. O lado bom é que não dependo diretamente de dinheiro para performar. Essa palavra aí, antes do ponto eu não gosto. Inclusive o corretor está sublinhando ela com a ondinha vermelha. Pra ver como o negócio mesmo certo é errado.

Certo mesmo é: se não preciso de dinheiro o que então eu preciso para chegar na glória dourada dos 366 textos em 366 dias?

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Na foto acima as Kombis em Urubici – Santa Catarina, Cascata do Avencal.

Sabe o Instagram? Sim, certo? Você tem lá uma horda de gente que só compartilha fotos e vídeos quando tem algo incomum acontecendo. Normalmente viagem, ou sai pra jantar num lugar da hora, alguma festa e aí dependendo do número de registros/importância da ocasião é uma semana, 10 dias, 30 dias regurgitando aquilo. Não julgo, também faço. E sempre que vejo algo assim eu digo “quero ver sustentar instagram com dia a dia”.

Escrever um texto por dia não é diferente. Sabe o que de diferente aconteceu hoje pra eu escrever? NADA.

O dia a dia é triste. Mata qualquer relação. Casamento, amizade, trabalho, marchas, custo, o instagramável. Nada resiste ao triturador de pensamentos que te achata e funde com todo resto. E uma vez parte dessa sopa rançosa é muito difícil perceber o entorno. A auto avaliação é a crítica mais difícil de fazer sem tomar partido. É natural defender-se, mesmo que de si. E isso é bem mais comum do que a gente pensa quando nos tornamos mais do mesmo. Amenizar a crítica, algo que não fazemos contra terceiros.

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Na foto acima sou Eu pensando se o momento é instagramável, na cidade de Rio Grande – RS. Dados seguros do Dataphodasse dão conta com exatidão que algo entre 83 e 98% dos bons pensamentos se perdem andando sem rumo nessa pangéia. E de 54 a 37% são bostejos estéreis. Em bom português, vão dar em nada.

Tá ótimo Fabiano, você diz que a horda não presta porque compartilha só o bom, e relativiza quase tudo pra tentar equilibrar a vida socada no saco de roupa suja, quando se depara com algo minimamente inusitado e fora do padrão que precisa compartilhar? Pra validar a existência neste plano?

Essas palavras são minhas, mas sim. E não por acaso coloquei apenas fotos de lugares em que estivemos nos últimos 2 anos. Abaixo em GravataL – Santa Catarina. Porque já estive lá e não posso colocar fotos minhas de lugares em que não estive. Paradoxal? Não.

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Compartilhar é uma válvula de escape. Não é errado. Errado e esperar que as pessoas correspondam a sua felicidade. A tristeza é muito mais compartilhada que a felicidade. Só que talvez aquela pessoa que compartilha todo dia algo seja como Eu! Colocou como meta por escolha, profissão ou necessidade (talvez todas as opções anteriores) e vai tentar e está conseguindo isso. É um dia por vez.

Como diria Paulinho Moska “Sua meta é a seta no alvo, mas o alvo, na certa não te espera”.