(And I think it’s gonna be a long, long time/Gravataí 23 graus)
Nunca fumei um cigarro diretamente da minha boca. Tenho um amigo que fuma, todo mundo tem, e eu sempre pego a carteira dele e digo “me dá um cigarro que eu vou começar a fumar” e ele diz “tá louco!!! Sáporra faz mal”. Essa lucidez delirante dos fumantes é deveras intrigante. Bom, depois de duas audições que me envelheceram alguns minutos do BSB, como se tivesse eu fumado três carteiras e meia do Marlboro vermelho, chegamos em um disco bom e conhecido.
Greatest Hits do Elton John, Sir Elton John. O disco é de 1974, tem 10 faixas divididas igualmente entre os lados e vale a pena ouvir por se tratar de uma coletânea dos maiores sucessos do cantor/pianista em questão entre 1969 e 1974, mesmo ano em que foi lançado o “the best of”. No entanto não temos nenhuma música do primeiro trabalho do Elton, de 1969. Não tem realmente um grande hit lá. O melhor está entre 70 e 74, e diria inclusive que o melhor da carreira dele.
Vale dizer também, e isso de forma alguma minimiza o quão bom ele é, que nenhum dos trabalhos é acima da média. Tem músicas boas em todos os sete álbuns agrupados entre 70 e 74. Isso mesmo sete trabalhos em cinco anos. Talvez, espaçando um pouco mais, aglutinando os discos de 70 e os dois de 71 em apenas um. Depois o de 72 e os dois de 73 em outro, talvez sim tivéssemos dois trabalhos de maior grandeza.
Tanto que nesses 50 mais vendidos ele aparece com uma coletânea. O artista inglês vendeu 24 milhões de cópias, segundo a lista que estou usando como referência, do disco. Sendo que 18 milhões na América do Norte, um milhão no Canadá e 17 nos Estados Unidos. No Reino Unido, foram míseras 400 mil. Entenderam?
Foi um disco feito e trabalhado para vender o artista que já havia feito sucesso nos EUA, de uma forma mais ampla e abrangente. E obteve sucesso porque as músicas são muito boas. E como comentei antes se colocassem “Your Song”, “Rocket Man” e “Don’t Let The sun Go Down on Me” no mesmo disco, pouta merda. Pra não falar de outras tantas. Essas três pra mim são as melhores, não consigo deixar uma acima da outra, embora tenha um algo a mais por Rocket Man, por ela fazer parte de uma teoria da conspiração que um dia eu tento explicar aqui em outra postagem.
Interessante, eu sempre gosto desses reloads, onde um artista totalmente fora do contexto usa uma referência de outro artista que está muito, mas muito longe. “Crocodile Rock” é a última música desse disco. É um rock, como diz no nome. 1973. Aí você joga 20 anos pra frente, vem uma banda de São Paulo, com um nome que tem tudo pra dar errado e lança um disco, com uma música chamada “Pelados em Santos” que usa como base um trecho do Crocodilo do Eltinho. Essas realimentações são fantásticas, porque ele mesmo pegou como referência outra música pro coro do “chá-lá-lá-lá-lá”, que em Pelados em Santos parece ser um trompete, mas pode ser um teclado emulando esse som.
Quando um artista ultrapassa, ia falar transcende, porém parece pedante demais, o seu gênero e passa a ecoar em outras áreas é porque a sua obra é realmente importante e atingiu muita gente, durante muito tempo. Muito bom Eltin.
Lado A
- Your Song
- Daniel
- Honky Cat
- Goodbye Yellow Brick Road
- Satudar Night’s alright for Fighting
Lado B
- Rocket Man
- Bennie and The Jets
- Don’t Let The Sun Go Down on Me
- Border Song
- Crocodile Rock